terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica dissipa mitos em torno da pirataria

Apesar do crescimento de 1% registrado em sete anos, segundo informações do relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica, o valor da indústria de música teria caído 31%. Repleto de estatísticas – algumas delas bastante surpreendentes - o relatório também derruba alguns mitos:
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Apresentações ao vivo, branding e outras fontes de receita salvarão a indústria da música
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O crescimento atual do lucro por apresentações ao vivo estaria ligado ao aumento do preço cobrado pelos ingressos e não pela quantidade de ingressos vendidos. Na realidade, o número de vendas caiu nos últimos anos.

As cinco maiores bilheteria de 2010 foram Bon Jovi, AC/DC, U2, Lady Gaga e Metallica. Todos esses artistas construíram suas carreiras na época em que as gravadoras efetivamente patrocinavam shows para promover a venda de seus álbuns. Exceto Gaga, que segundo fontes, gasta tanto em seu show que raramente acaba gerando lucro.
Já com relação ao branding, somente artistas realmente consagrados usufruem dessa fonte de receita.
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Pirataria não é responsável pela diminuição na receita de música gravada
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Ninguém sabe ao certo o tamanho da fatia roubada pelos downloads ilegais. O chefe executivo da IFPI, Frances Moore, estima que um a cada dez dowloads ilegais corresponde à uma venda perdida.

Também é certo que a venda desmembrada de álbuns estaria gerando prejuízo, já que os consumidores hoje teriam a opção de compra “à la carte”, adquirindo apenas as faixas que interessam. Esse método é utilizado em sites como itunes, amazon, etc.

Mas se compararmos países com elevado índice de pirataria e pouco esforço para enfrentá-lo com aqueles que possuem menor índice, um retrato revelador emerge. Países como Espanha e Brasil, que possuem a maior taxa de usuários executando download ilegal (45%), viram suas vendas caírem 55% nos últimos cinco anos (no último ano a queda foi de 22%). Por outro lado a Coreia do Sul, cujo governo tem tomado medidas contra o download ilegal, é um dos poucos países onde houve crescimento global de receitas para a música gravada (10% no primeiro semestre de 2010).
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A ilegalidade é ruim apenas para as grandes gravadoras e não afeta os artistas e gravadoras independentes.
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Parece que os artistas locais foram os que sofreram o maior revés da indústria da Espanha. Em 2004, bandas locais respondiam por cerca de 80% do total das vendas. Essa parte foi agora reduzida a 40%. O forte declínio na receita acabou secando o investimento em novos talentos. Nos últimos dois anos, nenhum novo artista configurou no ranking dos 50 álbuns mais vendidos. Em 2003 esse número correspondia a 20%.
Max Hole, diretor de operações da Universal Music Group International, diz que a gravadora parou de investir em A&R (Artists and Repertoire) e desenvolvimento de novos artistas na Coreia do Sul, durante o período em que o país tinha um enorme problema com o download ilegal.
- Agora estamos de volta, devido a política de combate implementada pelo governo - diz ele, acrescentando que não é interesse da gravadora cortar investimentos, já que o lançamento de novos artistas é crucial para o futuro das gravadoras.
Gravadoras independentes são muitas vezes vistas como incubadoras de artistas emergentes. Mas muitos “indies” estão encontrando dificuldade para sobreviver no panorama atual.
- Não podemos reduzir o tamanho como as grandes gravadoras - diz o presidente da Sugar Music, uma dos maiores selos independentes da Itália. - Nós só podemos fechar.
Luis San Martin, que dirige a Multimusic, gravadora independente no Mexico, diz que o investimento em artistas reduziu cerca de 80% em apenas dois anos. Como alternativa, a gravadora passou a focar em coletâneas em vez de desenvolver novos artistas. Os mexicanos, aliás, baixaram ilegalmente cerca de 5,1 bilhões de faixas em 2009.
Todos nós temos opiniões diferentes sobre o que deve ser feito à respeito da pirataria (a IFPI acredita que os provedores de internet devem desempenhar um papel mais significativo na luta contra ele). Mas o fato é que, como confirma o relatório da IFPI, se ninguém paga para a música, as gravadoras terão menos riscos mas também não haverá investimento em novos artistas.

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