Depois de anos de luta contra o download ilegal de faixas de música na Internet, a indústria fonográfica americana decidiu levar a questão ao Governo. O setor apoiou um projeto de lei que foi introduzido no Senado dos EUA neste outono. O projeto, que apoia o fechamento de sites que facilitam downloads ilegais e a idéia de que os fãs devem pagar por música, parece estar ganhando força tanto legalmente, quanto entre os consumidores.
Mas essa batalha não será fácil. Nos EUA, apenas uma em cada cinco faixas de música é baixada de forma legal.
Agora, a evolução jurídica, combinada com uma mudança nos padrões de escuta, parece apoiar um sistema onde os consumidores finalmente pagariam pelo privilégio de ouvir música. Esse caminho também levanta a seguinte questão: Seria o começo de uma trégua na batalha entre fãs que apoiam o conteúdo livre e a indústria que insiste em manter a rentabilidade?
Porém o caminho para a harmonia ainda é longo. O Senado entrou em recesso antes que a lei pudesse ser votada, prolongando assim, o debate sobre o dever ou não de legislar a coibição do compartilhamento de arquivos e sua capacidade de parar o problema.
O cerne da questão entre músicos é que a distribuição ilegal e o download de faixas musicais viola os direitos de propriedade intelectual.
As gravadoras afirmam que a pirataria desvia o dinheiro para longe, o que deixa menos recursos disponíveis para as gravadoras investirem no desenvolvimento de novos artistas.
- Você precisa das vendas de seus artistas atuais para investir em novos artistas - disse Jonathan Lamy, vice-presidente sênior de comunicações da Recording Industry Association of America, uma organização comercial que representa os artistas.
Finalmente, questiona-se o fato do compartilhamento de arquivos ser obstáculo ou ajuda para os artistas, já que esses downloads - legais ou não – também ajudam a promover suas músicas.
Apesar de toda a dificuldade que a Internet tem causado para o modelo tradicional de negócios, muitos músicos certamente se beneficiaram com o conjunto de sites que ajudam com merchandising, promoção e conexões com fãns.
No entanto, o momento parece estar se voltando contra a maré do "livre" conteúdo da Internet, enquanto músicos, assim como artistas de outras áreas criativas quanto escritores e produtores de vídeo, procurar os meios para ajudá-los a monetizar a sua criatividade. Muitos fãs questionam dizendo que músicos e gravadoras ainda fazem muito dinheiro. Performances ao vivo, contratos publicitários e vendas de mercadorias são fontes de receita válida, mas a indústria diz que essas fontes não são suficientes para compensar a perda de vendas de álbuns.
Na tentativa de conceber uma nova estratégia para rentabilizar o mercado musical, uma infinidade de novas idéias têm sido aventadas. A Internet se tornou, claramente, “o” local designado a música, e lá continuará sendo consumida, tendo muitas empresas tentado criar um formato legal para esse consumo. A Apple Inc. e Amazon.com possuem sistemas de pay-per-download, que conseguiu fazer com que alguns consumidores paguem por suas trilhas, mas esse sistema ainda não ultrapassa o volume de downloads “peer-to-peer”.
Pandora, um site de rádio online (streaming) que se tornou imensamente popular atingindo 65 milhões de usuários registrados no início deste mês, tem ajudado a gerar receita para a indústria. O site oferece a exposição de novos artistas e incentiva os ouvintes a pagar por músicas que eles gostam através de links para sites de compra.
Spotify é um outro serviço de música que parece promissor. Criado recentemente na Europa, o serviço permite aos fãs subscrever um serviço gratuito (ou de baixo custo opção premium), que permite a reprodução ilimitada de músicas preferidas, armazenadas em um "armário", além de promover a compra legal e downloads. A empresa está trabalhando para levar o serviço para os Estados Unidos, mas ainda não está disponível. Já o sistema MSpot, facilita a web-streaming de música para os usuários do sistema Android.
Já o Google, de acordo com uma reportagem da revista Billboard no mês passado, está lançando sua própria loja de música. Nele, é oferecido pay-per-download, bem como cloud storage, ou um cofre de música onde os consumidores pagam 25 dólares por ano para usar.
Enquanto a indústria parece pronta para ver o aumento das vendas legais de música, alguns dizem esta ainda possui uma relutância em se adaptar ao panorama de constante evolução no perfil dos consumidores, o que pode atrasar ainda mais a "trégua" que muitos fãs e artistas procuram.
George Searle, chefe-executivo do LimeWire, concorda que a relutância da indústria da música em mudar o modelo de negócios gerou dificuldades ao tentar combater a partilha peer-to-peer.
"Se como comunidade, nada conseguimos, acabamos reconhecendo que o confinamento é um arenque vermelho", disse Searle. "Temos que fazer mais do que impedir as pessoas de compartilhar arquivos com direitos autorais. Temos que oferecer alternativas legais e avançadas."
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