Recife é o endereço da inovação no Brasil: mais de 200 empresas produzem e exportam conhecimento.
É a periferia de um mercado ainda emergente. Recife, a planície que já foi mangue e palco do manguebeat, inusitada mistura de maracatu, rock, hip hop, funk e música eletrônica.
Terra de Chico Science, o ícone do renascimento cultural de Pernambuco nos anos 90. A estátua de Science, na rua da Moeda, não permite que ninguém esqueça. Mas na outra esquina é o novo CEP da inovação tecnológica do Brasil.
O endereço é o bairro do Recife Antigo. Cenário do auge e da decadência de Pernambuco. Era do porto que vinha a riqueza do estado nos anos do açúcar. Com o fim do ciclo exportador, os prédios foram sendo abandonados e na última década com a instalação de um polo de tecnologia, os escritórios das novas empresas ocuparam velhos armazéns de açúcar, bancos, o antigo comércio. Revitalizar o porto para reinventar a economia da região.
Duzentas companhias, seis mil funcionários, R$ 1 bilhão em faturamento. O bairro já ficou pequeno. Coisa mais difícil no local é estacionar, os prédios antigos não têm garagem subterrânea e quase todo mundo vai trabalhar de carro.
A área é zona azul digital. Procurar pelo vendedor de talões vai parecer antiquado. O motorista paga pelo período por meio do celular e é via rede que o agente de trânsito checa a placa do carro.
"O usuário ompra os créditos pela internet, ativa o cartão ele mesmo pelo aplicativo ou pela ligação que ele faz", explica o diretor de tecnologia da Sertel, Alberto Vandrunen.
Soluções de mobilidade urbana é a especialidade de uma empresa nascida e ancorada no porto. É dela o software que no Rio de Janeiro gerencia o aluguel de bicicletas. Pelo aplicativo do celular, é possível saber onde fica o estacionamento mais próximo. Alugar, pagar e devolver em outro ponto.
Os 99% dos clientes que compram a tecnologia produzida no Porto Digital estão fora de Pernambuco. Há dez anos, antes do polo, o Recife não exportava ideias inovadoras, exportava cérebros.
"O que antes era uma fuga de cérebros para fora, a gente está atraindo capital humano para trabalhar ou empreender em Pernambuco", fala o consultor de empreendedorismo do Porto Digital, Eiran Sims.
A rede social do C.E.S.A.R - Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, divulga oportunidades de emprego todos os dias. Atrás de uma delas que o engenheiro de Belo Horizonte, Henrique Foresti, desembarcou.
"Então hoje eu vejo o Recife como um cartão postal na área de tecnologia do Brasil. é muito positivo estar por aqui sim".
Henrique trabalha num projeto de R$ 6 milhões. O Vant, Veículo Aéreo Não Tripulável, foi importado dos Estados Unidos depois de uma longa burocracia. É um equipamento bélico, mas com o software brasileiro, vai servir para monitorar as redes de transmissão da hidrelétrica do São Francisco. Ele é totalmente autônomo, capaz de decolar com uma missão, executar e voltar para base, mas durante o voo ele vai mandando imagens da atividade por meio dessas câmeras instaladas. Uma delas é térmica e prefeita para mostrar possíveis defeitos numa rede de transmissão.
"A gente acredita que Recife tem um encontro marcado com o sucesso que é inadiável", fala o diretor de negócios do C.E.S.A.R, Guilherme Cavalcanti.
É recente o grafite na entrada da incubadora, onde crescem os embriões de novas empresas. O polo não é mais só software, hardware e chip. É sede da chamada economia criativa. Produtores de conteúdo para quem a tecnologia é só uma ferramenta. Vale a criatividade dos talentos.
Nessa segunda década, o Porto Digital que não é só software, hardware e chip, o que cresce dentro dos prédios é a chamada economia criativa, formada por empresas produtoras de conteúdo, que usam a tecnologia como ferramenta. A matéria-prima delas é a criatividade dos talentos.
"É uma forma de relaxar e de parar para pensar, chega ao trabalho, você não está conseguindo pensar direito nele, você vem pra cá, dá uma relaxada pensa um pouco e volta com todo o gás", avisa a ilustradora Valeska Martins.
A Dacor faz jogos voltados para educação e é uma das representantes dessa nova geração do porto. "É fisgar os alunos e conquistá-los para que eles tenham o desejo de continuar se desenvolver em música", diz o diretor da Dacor, Américo Nobre Amorim.
O jogo que ensina a tocar bateria foi o aplicativo de celular e tablet mais vendido na Europa e nos Estados Unidos, em 2010.
Os empresários apostam também em software que ensina música em escolas públicas e particulares com linguagem de videogame atende alunos de várias idades.
No lugar da partitura, o software acelera o aprendizado na sala de aula, o que um aluno no método tradicional, levaria de seis a oito meses para começar a entender, eles aprendem em três meses.
Quando se lançou para o mundo, na década de 90, a banda pernambucana Mundo Livre S/A precisou da tecnologia instalada no Sudeste para produzir seus CDs.
Agora, o Porto Digital deve ser uma alternativa para as novas bandas da rua da Moeda, onde nasceu o manguebeat de Science. No segundo semestre, começarão a ser instalados estúdios de gravação de CDs, estúdios de cinema. Um polo cultural digital.
(O texto original desta reportagem dizia que Américo Nobre Amorim é diretor da Jynks. A informação correta é que Américo Nobre Amorim é diretor da Dacor, empresa que produz jogos e aplicativos que ensinam música).
É a periferia de um mercado ainda emergente. Recife, a planície que já foi mangue e palco do manguebeat, inusitada mistura de maracatu, rock, hip hop, funk e música eletrônica.
Terra de Chico Science, o ícone do renascimento cultural de Pernambuco nos anos 90. A estátua de Science, na rua da Moeda, não permite que ninguém esqueça. Mas na outra esquina é o novo CEP da inovação tecnológica do Brasil.
O endereço é o bairro do Recife Antigo. Cenário do auge e da decadência de Pernambuco. Era do porto que vinha a riqueza do estado nos anos do açúcar. Com o fim do ciclo exportador, os prédios foram sendo abandonados e na última década com a instalação de um polo de tecnologia, os escritórios das novas empresas ocuparam velhos armazéns de açúcar, bancos, o antigo comércio. Revitalizar o porto para reinventar a economia da região.
Duzentas companhias, seis mil funcionários, R$ 1 bilhão em faturamento. O bairro já ficou pequeno. Coisa mais difícil no local é estacionar, os prédios antigos não têm garagem subterrânea e quase todo mundo vai trabalhar de carro.
A área é zona azul digital. Procurar pelo vendedor de talões vai parecer antiquado. O motorista paga pelo período por meio do celular e é via rede que o agente de trânsito checa a placa do carro.
"O usuário ompra os créditos pela internet, ativa o cartão ele mesmo pelo aplicativo ou pela ligação que ele faz", explica o diretor de tecnologia da Sertel, Alberto Vandrunen.
Soluções de mobilidade urbana é a especialidade de uma empresa nascida e ancorada no porto. É dela o software que no Rio de Janeiro gerencia o aluguel de bicicletas. Pelo aplicativo do celular, é possível saber onde fica o estacionamento mais próximo. Alugar, pagar e devolver em outro ponto.
Os 99% dos clientes que compram a tecnologia produzida no Porto Digital estão fora de Pernambuco. Há dez anos, antes do polo, o Recife não exportava ideias inovadoras, exportava cérebros.
"O que antes era uma fuga de cérebros para fora, a gente está atraindo capital humano para trabalhar ou empreender em Pernambuco", fala o consultor de empreendedorismo do Porto Digital, Eiran Sims.
A rede social do C.E.S.A.R - Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, divulga oportunidades de emprego todos os dias. Atrás de uma delas que o engenheiro de Belo Horizonte, Henrique Foresti, desembarcou.
"Então hoje eu vejo o Recife como um cartão postal na área de tecnologia do Brasil. é muito positivo estar por aqui sim".
Henrique trabalha num projeto de R$ 6 milhões. O Vant, Veículo Aéreo Não Tripulável, foi importado dos Estados Unidos depois de uma longa burocracia. É um equipamento bélico, mas com o software brasileiro, vai servir para monitorar as redes de transmissão da hidrelétrica do São Francisco. Ele é totalmente autônomo, capaz de decolar com uma missão, executar e voltar para base, mas durante o voo ele vai mandando imagens da atividade por meio dessas câmeras instaladas. Uma delas é térmica e prefeita para mostrar possíveis defeitos numa rede de transmissão.
"A gente acredita que Recife tem um encontro marcado com o sucesso que é inadiável", fala o diretor de negócios do C.E.S.A.R, Guilherme Cavalcanti.
É recente o grafite na entrada da incubadora, onde crescem os embriões de novas empresas. O polo não é mais só software, hardware e chip. É sede da chamada economia criativa. Produtores de conteúdo para quem a tecnologia é só uma ferramenta. Vale a criatividade dos talentos.
Nessa segunda década, o Porto Digital que não é só software, hardware e chip, o que cresce dentro dos prédios é a chamada economia criativa, formada por empresas produtoras de conteúdo, que usam a tecnologia como ferramenta. A matéria-prima delas é a criatividade dos talentos.
"É uma forma de relaxar e de parar para pensar, chega ao trabalho, você não está conseguindo pensar direito nele, você vem pra cá, dá uma relaxada pensa um pouco e volta com todo o gás", avisa a ilustradora Valeska Martins.
A Dacor faz jogos voltados para educação e é uma das representantes dessa nova geração do porto. "É fisgar os alunos e conquistá-los para que eles tenham o desejo de continuar se desenvolver em música", diz o diretor da Dacor, Américo Nobre Amorim.
O jogo que ensina a tocar bateria foi o aplicativo de celular e tablet mais vendido na Europa e nos Estados Unidos, em 2010.
Os empresários apostam também em software que ensina música em escolas públicas e particulares com linguagem de videogame atende alunos de várias idades.
No lugar da partitura, o software acelera o aprendizado na sala de aula, o que um aluno no método tradicional, levaria de seis a oito meses para começar a entender, eles aprendem em três meses.
Quando se lançou para o mundo, na década de 90, a banda pernambucana Mundo Livre S/A precisou da tecnologia instalada no Sudeste para produzir seus CDs.
Agora, o Porto Digital deve ser uma alternativa para as novas bandas da rua da Moeda, onde nasceu o manguebeat de Science. No segundo semestre, começarão a ser instalados estúdios de gravação de CDs, estúdios de cinema. Um polo cultural digital.
(O texto original desta reportagem dizia que Américo Nobre Amorim é diretor da Jynks. A informação correta é que Américo Nobre Amorim é diretor da Dacor, empresa que produz jogos e aplicativos que ensinam música).
Fonte: JORNAL DA GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário